Definições...

O que se é para alguém?

Outro dia, assistindo o Sex and the City, vi o dilema de Carry em não saber o que era e o que estava vivendo com o sr. Big. Vi o sr. Big sempre se furtar de dar as respostas que ela esperava, confundindo-a, distraindo-a, como se as perguntas pudessem ficar sem respostas.
Agora lendo um romance, vejo a personagem sofrendo pelo mesmo dilema, com medo de dar o próximo passo, tentando ouvir o que representa, embora vivendo situações de completa partilha. Será o suficiente?
Há pouco tempo vivi a cena em que eu mesma era protagonista do mesmo dilema. O que somos para a pessoa com quem andamos a sair? Nem falo a palavra relação. A palavra relação parece implicar imensas coisas, como compromisso e isto parece um palavrão, um tabu que não deve ser tocado. Mas como utilizar outra palavra quando saímos com outra pessoa, empregamos nosso tempo e interesses em conhecê-la, entendê-la, saber tratá-la? 
Entre pessoas que estão interagindo existe algum nível de relacionamento e depois de um ano de relacionamento, o que se é para a pessoa a outra pessoa?
Pelo que eu suponho do caso da Carry, da heroína do romance que estou lendo e do meu próprio romance, esta falta de definições denota sempre de um lado alguém inseguro quanto a sua posição no romance e do outro lado, alguém que viveu um relacionamento traumático, gerando mágoas, ressentimentos, desconfianças e inseguranças em relação aos relacionamentos atuais.
Me vejo revisitando Bauman e sua teoria do amor líquido. É mais fácil fugir, fingir, substituir o relacionamento presente para não haver sofrimento? Parece que sim... Mas o que buscamos? O que procuramos dentro de nós? O que buscamos no outro? Que tipo de relacionamento queremos viver? O que queremos ser para a outra pessoa?
Parece a questão (ou questões) do século e no entanto, deve passar despercebida diante de inúmeras questões que parecem ter mais urgência de serem respondidas, como a solução para a crise energética, a extinção de animais, que tem seu devido valor, mas não desmerecem as questões que dizem respeito ao relacionamento humano e suas trocas sociais.
Eu confesso que não consigo viver sem definições. Claro que nem tudo deve ter um nome, uma classificação. Não vivo de rigidez e regras, mas certas definições nos ajudam a pensar nosso lugar no mundo e principalmente na vida de outra pessoa.
Podemos nos acalmar e dizer que é só uma questão de tempo. Será mesmo?
Quando alguém te olha e não sabe dizer o que você representa para ela, o que você pode esperar? É claro que aquele brilho nos olhos da pessoa, seu toque, a entrega dispensam palavras.
Por que precisamos ouvir da pessoa que somos especiais, que somos a pessoa que estão procurando? Isso é ser humano, é buscar definir-se e definir as situações em que se está envolvido.

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