Argo

                                               foto de uma das cenas do filme Argo
Assisti ao "Argo" (2012) depois da sugestão de um amigo, pois perdi a temporada no cinema no período de sua estreia. Para quem ainda não viu, há um site que disponibiliza o filme aqui. É um filme produzido e protagonizado pelo excelente ator norte-americano Ben Afleck e cuja sinopse pode ser consultada no link destacado.
Eu vejo marcas de desvario no rosto da guerra, mas lamento ainda mais que esta não poupe as verdadeiras vítimas de violências e guerras. Também nota-se o rosto daqueles que estão perdidos no meio das turbas, a protestar a sua própria luta e a manifestar a sua própria dor. Porém, tenho medo de contaminação emocional coletiva, desta que faz com que indivíduos possam se perder no meio de uma multidão e apesar de não concordarem com os atos desta, no momento da contaminação, são apenas pessoas no meio de um grande cardume a seguir rumo a uma direção, que noutro momento individualmente, sem a projeção das grandes emoções, ele poderia até rejeitar.
De todo modo, tive o estômago colado a espinha durante todo o filme, suspendendo a respiração e torcendo para que os reféns (6 americano refugiados na embaixada canadense em 1979 após fugirem da própria embaixada durante um golpe no Irã como efeito para pressionar o retorno do ex-Xá) sejam resgatados. A trama está mesmo bem construída e bem dirigida.
Fico feliz que a ideia tenha surgido de uma forma "inocente" numa simples chamada telefónica com uma criança. Acho que tudo tem uma ligação. Acho que a pureza e a simplicidade de todos os fatos se juntando numa trama estratégica para resgatar os seis americanos foi muito bem pensada. 
Há um elemento comum no filme que se assemelha a praticamente todos os filmes americanos que já vi sobre resgates ou sobre vôos sequestrados. Quando tudo parece se conduzir para um desfecho certo, o governo americano representado por algumas pessoas, geralmente aqueles que encrencam  a engrenagem toda, cancelam os planos. É óbvio que isto também se torna o ponto alto do filme, gerando a adrenalina e te fazendo pensar por alguns minutos se tudo acabará bem. 
A figura do Tony Mendez (Ben Afleck) demonstra que no mundo e em operações complexas e determinantes para a sobrevivência dos envolvidos, existem pessoas com capacidades argutas, altruístas, corajosas e perseverantes. 
Apesar de não fazer apologia para filmes que criam uma imagem dos Estados Unidos como aqueles que sempre ganham, este filme me faz acreditar que quem luta pelo bem ou por algum ideal deve e acaba por ser recompensado. Me faz acreditar, enquanto educadora, que certas atitudes em favor do bem comum valem a pena de serem tomadas, mesmo que certos burocratas se coloquem no caminho.
E num período em que se vive (falo da Europa na sua condição atual, mas também me reporto ao mundo de uma maneira mais generalizada) em crise multi dimensionais e cujas possibilidades de mudanças parecem esgotadas e há muito perdidas, filmes como esse deixam alguma semente de esperança e agradeço por ter algo mais em que me agarrar.

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